segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Evolução Artificial da Seleção Natural

Olá doidos,
Essa excelente animação feita por Carlos Ruas, criador de "Um Sábado Qualquer", faz uma breve explicação sobre a Seleção Natural. Nem preciso dizer que ficou Genial. Já postei aqui outras animações    da série Quer que eu Desenhe, todos muitos bons.


E para quem se interessar pelo assunto, segue a dica de um podcast excelente (meu favorito) sobre esse interessantíssimo tema. Clique no link e baixe o "NERDCAST - N249 Evolução Artificial da Seleção Natural", e escute. Muita informação e risadas garantidas.
:)

PS: para que se animar a ouvir o nerdcast, começe a escutar a partir de 18 minutos, pois o início é uma chatíssima leitura de e-mails.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Dieta da cerveja

Maria Degolada
     Bom doidinhos. Neste post irei desmistificar a falácia que cerveja engorda. Muito pelo contrário, a cervejinha bem gelada ajuda a emagrecer. E para podermos compreender melhor essa teoria teremos que relembrar um conceito que aprendemos no colégio (quem não dormiu na aula) a Caloria (cal). Por definição, 1 Caloria é a quantidade de energia (calor) necessário para elevar em 1°C a temperatura de 1 grama de água (técnicamente 1 cal eleva 1g de água é de 14,5°C a 15,5°C, há uma pequena diferença em outras temperaturas, mas vamos desprezar). Ao usarmos Caloria para definir o valor energético de alimentos, nos referimos à quilocalorias, representado por CAL com "C" maiúsculo (1 Cal = 1kcal = 1.000 cal).
     E onde entra a cerveja nessa história???? Bom, se tomarmos uma Maria Degolada (é muito boa) estupidamente gelada, digamos a -4°C (conforme as geladeiras mentirosas de bar), nosso corpo irá gastar 40 cal para elevar cada grama da ceva até a temperatura do nosso corpo, 36°C arredondando. Como 1 litrão de ceva tem 1.000g, então gastamos 40 x 1.000 = 40 Cal, ao abrirmos a segunda garrafa vamos pra 80 Cal. Isso sem contar nas calorias gastas no ato de abrir a garrafa e se levantar pra ir ao banheiro. Infelizmente essas calorias gastas são compensadas pelas batatinhas fritas do bar e a costela gorda do churras. Na verdade a caloria da própria cerveja já compensa essa energia gasta. Mas pelos menos já temos uma boa desculpa pra tomar umas :)

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Simulacro e Simulações

Em 1981 o ilustre sociólogo francês Jean Baudrillard escreve um de seus livros mais inovadores Simulacros e Simulação. Simulacro, do latim para similaridade. Baudrillard afirma que em nossa sociedade atual, nós substituímos toda nossa realidade por símbolos e imagens. Toda a experiência humana hoje é uma simulação do real. Nós estamos tão aficionados pelos simulacros que a realidade se tornou só um vestígio, é algo tão irreal quanto a simulação. A realidade deixou de existir, e passamos a viver uma representação da realidade, na sociedade pós-moderna, difundida pela mídia. A imprensa, televisão, filmes, internet, o valor do dinheiro, urbanização e o processo industrial nos afasta da condição natural do mundo. Nós estamos simulando coisas que não existem. Irônico, mas com fundamentos, Baudrillard defende que que vivemos em uma era em que os símbolos tem mais força e peso que a própria realidade. Desse fenômenos nascem os simulacros, simulações malfeitas do real, que são mas atraentes que próprio objeto reproduzido.

O escritor argentino Jorge Luís Borges mostra brilhantemente este fenômeno em um poema chamado Do Rigor na Ciência:
"Naquele Império, a arte da cartografia logrou tal perfeição que o mapa de uma única província ocupava toda uma cidade, e o mapa do Império toda uma província. Com o tempo, esses mapas desmedidos não satisfizeram e os colégios de cartógrafos levantaram o mapa do império, que tinha o tamanho do império e coincidia pontualmente com ele. Menos adictas ao estudo da cartografia, as gerações seguintes entenderam que esse dilatado mapa era inútil e não sem piedade o entregaram à inclemência do sol e do inverno. Nos desertos do oeste perduram despedaçadas ruínas do mapa habitadas por animais e por mendigos. Em todo país não há outra relíquia das disciplinas cartográficas."
Ou seja, o Império fez um mapa 1:1 do Império (na verdade tomo mundo morreu soterrado no mapa gigante) e o Império passou a ser o próprio mapa . Ele queria um mapa tão perfeito, que a única forma da simulação ser perfeita era tornar realidade a simulação. Ou seja, o Império transformou a realidade deles em uma simulação. Quando o povo perdeu o interesse pela simulação, eles largaram de mão, só que a simulação tinha se tornado a realidade deles, e o Império foi pra ruína. Hoje em dia a simulação tornou-se tão importante em nosso mundo que as pessoas estão esquecendo da realidade, da base dessas simulações. Atualmente nós estamos tão viciados em nossas simulações que criamos do mundo real. O valor do dinheiro do país, que antigamente era por ouro, hoje é por credito, a crise que vivemos hoje é fruto dessas simulações, a soma das linha de créditos mundiais é maior que o PIB Mundial. É tudo uma ilusão, uma bolha gigantesca. Nós estamos nos enfiando na Caverna de Platão, adorando ver as sombras na parede.

Em seu livro, Jean Baudrillard argumenta que as sociedades ocidentais passaram por uma precessão de simulacros, onde temos o original e as três ordens de simulacros: a imitação, a produção (cópia mecânica) e, por fim, a etapa final, a simulação, onde interagimos com os símbolos/representações/imagens/ícones, achando que é o original.

Simulacros e Simulações influenciou grandes pensadores, e inspirou vários filmes, como Truman Show, Cidades dos Sonhos e Matrix. Na opinião do autor, Matrix fez uma interpretação ingênua do seu livro, por isso não gostou do filme. Em suas entrevistas sobre o filme, Keanu Reeves afirma ter lido o livro. Os diretores do filme, os irmão Wachowskis, convidaram Baudrilliard para participar como consultor filosófico das duas sequências, mas ele recusou o convite afirmando: "Como poderia? Não tenho nada a ver com Kong Fu. Meu trabalho é discutir idéias em ambientes apropriados para isso. Se leram o livro, não entenderam nada." Diferentemente do filme Matrix, em seu livro a diferença entre o real e o irreal é muito mais sutil. Não deixa o mundo real de um lado e o virtual do outro. Já nos filmes Truman Show e cidade dos Sonhos, os realizadores perceberam que a diferença entre uma coisa e outra é menos evidente.

Jean Baudrillard, pensador francês falecido em 2007, afirmava categoricamente que a chamada Guerra do Golfo (1991) não existiu. Para ele, o que a TV americana mostrou, em especial a CNN e Peter Arnett, foi um grande vídeo-game. À luz dos fatos, a investida militar dos americanos no Iraque durou menos de um mês. Ela se resumiu a um intenso bombardeio aéreo sobre a cidade de Bagdá, o qual o Pentágono chamou de "Operação Tempestade no Deserto", um bombardeio "cirúrgico" que preservou a patrimônio histórico/cultural da cidade. Depois de alguns dias, a infantaria se encarregou de fazer o resto da "limpeza". Ao todo, apenas 36 soldados americanos morreram no "conflito". Para Baudrillard, a Guerra do Golfo não aconteceu e nunca existiu, pelo menos nos moldes convencionais. Foi uma criação da mídia.

A Disneylândia é um modelo perfeito de todos os tipos de simulacros confundidos. É um dos exemplos que o autor analisa em seu livro. Mas aqui quero falar de alguns movimentos sociais. Irei usar aqui dois exemplos o movimento Punk, e mais recente os Emos. O movimento Punk surgiu em Londres, por pessoas que se vestiam como queriam. Não queriam criar moda, apenas serem eles mesmo. Não havia um esteriótipo punk. Mas após o surgimento de algumas bandas, e alguns ídolos como Sid Vícius e as pessoas pensaram: Ei, esse é meu ideal! E a partir daí o movimento Punk (símbolo) nasceu, quando o Punk (original) morreu, ou desapareceu. A pessoas preferiram os símbolo ao original, e o perpetuaram através de ritos (gírias, moda, relações sociais...) como qualquer outra cultura de massa. E os Emos, por se considerarem mais sensíveis e por isso incompreendidos, se isolaram, à margem da sociedade. Então surgiram as bandas de músicas Emos. Dezenas se encontram shoppings e parques. Pessoas que pensam iguais, mesmas roupas, mesmo cabelo com chapinha e se entendem. Então por que diabos continuam alimentando a idéia de serem sozinhos e tristes???

Oque dizer então da religiões? O mesmo tipo de controle foi e está sendo aplicado à Religiões. O Islamismo está sendo caricaturizado através de ícone, e pela falta de um grande líder espiritual, a grande nação Islâmica faz um um silêncio vergonhoso perante a mídia. Bom, e quanto à Jesus, que há muito perdemos o Jesus original e ganhamos um símbolo dele na cruz. Tivemos algumas belas imitações (1° Fase), acabamos por consumir a reprodução em massa desse símbolo (2° Fase), e agora já tomamos este pelo original. Um belo Case de Sucesso.

"Livre do real, você pode fazer algo mais real que o real: o hiper-real”
 (Jean Baudrillard).

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Um Pálido Ponto Azul

Última foto tirada pela Voyager 1

Ao passar pela órbita de Saturno, a pedido de Carl Sagan, a Sonda Voyager 1 voltou-se para trás e tirou várias fotos do sistemas solar, uma delas é a foto a foto acima, que mostra um pálido ponto azul, a nossa Terra. Do tamanho de um pixel azul, suspensa num raio de sol refletida pela sonda, ela se encontrava a 6,4 bilhões de quilometros da Terra, nos confins do sitema solar. Toda a história humana aconteceu neste pequeníssimo ponto azul.
O Texto abaixo só poderia ser é do único Astrônomo capaz de se comunicar com o público, Carl Sagan:
"A espaçonave estava bem longe de casa. Eu pensei que seria uma boa idéia, logo depois de Saturno, fazer ela dar uma última olhada em direção de casa. Desde Saturno, a Terra apareceria muito pequena para a Voyager apanhar qualquer detalhe: nosso planeta seria apenas um ponto de luz, um "pixel" solitário. Dificilmente distinguível de muitos outros pontos de luz que a Voyager avistaria: planetas vizinhos, sóis distantes. Mas, justamente por causa dessa imprecisão de nosso mundo assim revelado... valeria a pena ter tal fotografia.
Já havia sido bem entendido por cientistas e filósofos da antiguidade clássica, que, a Terra era um mero ponto em um vasto cosmos circundante. Mas ninguém jamais a tinha visto assim. Aqui estava nossa primeira chance. E talvez a nossa última, nas próximas décadas.
Então, aqui está — um mosaico quadriculado estendido em cima dos planetas, e um fundo pontilhado de estrelas distantes. Por causa do reflexo da luz do sol na espaçonave, a Terra parece estar apoiada em um raio de sol, como se houvesse alguma importância especial para esse pequeno mundo — mas é apenas um acidente de geometria e ótica. Não há nenhum sinal de humanos nessa foto. Nem nossas modificações da superfície da Terra, nem nossas máquinas, nem nós mesmos. Desse ponto de vista, nossa obsessão com o nacionalismo não parece em evidencia. Nós somos muito pequenos. Na escala dos mundos, humanos são irrelevantes — uma fina película de vida num obscuro e solitário torrão de rocha e metal. 
Olhem de novo para esse ponto. Isso é a nossa casa, isso somos nós. Nele, todos a quem ama, todos a quem conhece, qualquer um dos que escutamos falar, cada ser humano que existiu, viveu a sua vida aqui. O agregado da nossa alegria e nosso sofrimento, milhares de religiões autênticas, ideologias e doutrinas econômicas, cada caçador e colheitador, cada herói e covarde, cada criador e destruidor de civilização, cada rei e camponês, cada casal de namorados, cada mãe e pai, criança cheia de esperança, inventor e explorador, cada mestre de ética, cada político corrupto, cada superstar, cada líder supremo, cada santo e pecador na história da nossa espécie viveu aí, num grão de pó suspenso num raio de sol.
A Terra é um cenário muito pequeno numa vasta arena cósmica. Pense nos rios de sangue derramados por todos aqueles generais e imperadores, para que, na sua glória e triunfo, vieram eles ser amos momentâneos duma fração desse ponto. Pense nas crueldades sem fim infligidas pelos moradores dum canto deste pixel aos quase indistinguíveis moradores dalgum outro canto, quão frequentes as suas incompreensões, quão ávidos de se matar uns aos outros, quão veementes os seus ódios.
As nossas exageradas atitudes, a nossa suposta auto-importância, a ilusão de termos qualquer posição de privilégio no Universo, são reptadas por este pontinho de luz frouxa. O nosso planeta é um grão solitário na grande e envolvente escuridão cósmica. Na nossa obscuridade, em toda esta vastidão, não há indícios de que vá chegar ajuda de algures para nos salvar de nós próprios.
A Terra é o único mundo conhecido, até hoje, que alberga a vida. Não há mais algum, pelo menos no próximo futuro, onde a nossa espécie puder emigrar. Visitar, pôde. Assentar-se, ainda não. Gostarmos ou não, por enquanto, a Terra é onde temos de ficar.
Tem-se falado da astronomia como uma experiência criadora de firmeza e humildade. Não há, talvez, melhor demonstração das tolas e vãs soberbas humanas do que esta distante imagem do nosso miúdo mundo. Para mim, acentua a nossa responsabilidade para nos portar mais amavelmente uns para com os outros, e para protegermos e acarinharmos o ponto azul pálido, o único lar que tenhamos conhecido." 

-Carl Sagan